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Um submarino pelas águas escuras do tempo


Redimindo as horas de silêncio



O tempo escorre silenciosamente por entre nossos dedos. Não em momentos grandiosos e dramáticos, mas nos mais silenciosos: alguns toques na tela do celular, alguns "farei isso depois", algumas distrações inofensivas que, sem pedir permissão, gradualmente transformam nossa identidade.


Sinceramente, o maior perigo que a maioria dos crentes enfrenta não é a rebelião aberta.

É uma deriva lenta.

Uma deriva tranquila.

Aqueles que roubam dez minutos aqui, uma tarde ali, até que seus dias pareçam mais escassos do que antes... e sua alma também se sinta mais frágil.



Quando o tempo parecia infinito



Quando eu era criança, não pensava muito no tempo. Tinha tanto que praticamente nadava nele. Longas manhãs à beira do lago de pesca, observando a névoa se dissipar da água como uma cortina, revelando o dia. O ar cheirava a lama e verão, e a única coisa que me preocupava era se os peixes iriam morder a isca.


As tardes pareciam intermináveis. Ele vagava pela mata com uma bengala, imaginando que seguia rastros de veado ou procurava trilhas escondidas. Cada pequeno som tinha um significado. O farfalhar das folhas. O estalar de um galho. O canto de um pássaro no alto de uma árvore. Ele podia caminhar por horas, não porque estivesse com pressa de chegar a algum lugar, mas simplesmente porque o mundo lhe parecia vasto e ele tinha todo o tempo do mundo para explorá-lo.


Naquela época, o tempo não era precioso; era simplesmente abundante. Tão comum quanto o sol. Tão corriqueiro quanto a terra. Nunca pensei em desperdiçá-lo. Nunca imaginei que chegaria o dia em que olharia para trás, para aquelas horas lentas, com nostalgia. A infância nos dá a ilusão de que o tempo nasce em árvores.


Não.


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Quando o tempo começou a se esgotar



Em algum momento, a vida mudou. As responsabilidades se multiplicaram. As decisões se tornaram mais difíceis. Os dias passaram a ser repletos de tarefas.


Uma simples tarefa podia arruinar minha manhã. Uma visita ao órgão público se transformou em duas, depois em três, com assinaturas faltando, documentos arquivados incorretamente, filas intermináveis e uma frustração palpável. Enquanto isso, a lista de coisas que eu esperava realizar — coisas importantes, coisas significativas — permanecia inalterada.


Então vieram os momentos que foram além do mero desconforto:

Ver meus filhos crescerem mais rápido do que eu poderia impedir…

Perceber que anos inteiros se passaram sem que eu notasse…

Sentindo lágrimas que não esperava, parada no corredor silencioso da minha própria casa, pensando em um tempo que jamais poderei recuperar.


A vida se tornou algo que eu precisava controlar, em vez de algo que eu vivia. Eu me vi espremendo cada gota de cada hora como um comandante naval navegando um submarino em águas escuras: com cuidado, ansiedade, sem tempo para descansar, sempre em alerta máximo para evitar colidir com algo inesperado.

E, à medida que a pressão aumentava, algo mais foi introduzido silenciosamente.


O desejo de relaxar.


Não de uma forma saudável e restauradora, mas com aquele olhar perdido, como se dissesse "deixe-me desaparecer por um momento".


Aqui está um vídeo.

Um pergaminho ali.

Um vídeo inofensivo.

Depois, mais uma.

E mais uma.


Parecia uma libertação… mas não era.


Foi uma fuga.


E a fuga é doce, como o anticongelante tem um gosto doce para um gato sedento.

Confortante a princípio… silenciosamente venenoso depois.


Cada gole devora um pedacinho da alma.



O simples fato de que tentei ignorar



Em algum momento nesses ciclos de pressão e fuga, tive que encarar uma verdade que não queria admitir:


O tempo perdido não desperdiça apenas minutos, mas também a pessoa que você está se tornando.


Isso entorpece o coração.

Isso acalma a fome espiritual.

Isso corrói a conexão entre você e Deus de maneiras tão sutis que você mal percebe que estão acontecendo.


Não porque você esteja se rebelando.

Não porque você esteja escolhendo pecar.

Mas já que você não está escolhendo nada ...


O nada, repetido com frequência suficiente, torna-se uma espécie de inimigo espiritual.



Um momento bíblico que ressoa nesta batalha silenciosa.



Quanto mais velho fico, mais penso numa oração simples que Moisés proferiu perto do fim da sua vida:


“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios.”


Moisés não contou as horas em um calendário.

Eu não estava calculando produtividade nem definindo metas.

Ele falava como um homem que vira décadas inteiras desaparecerem no esquecimento por causa da descrença; tempo perdido que jamais poderia recuperar.


Eu sabia o que significava ver pessoas andando em círculos.

Eu sabia o que era ver os anos escaparem por entre os dedos em meio a distrações, desânimo, medo, desculpas e afastamento espiritual.

E ele sabia que o tempo era precioso demais, frágil demais, fugaz demais para ser desperdiçado.


Então ele orou algo dolorosamente sincero:

“Senhor, ensina-nos a valorizar os nossos dias. Ensina-nos a enxergá-los com clareza. Ensina-nos a viver antes que eles terminem.”


Essa oração me acompanhou como uma doce companheira ao longo dos anos.

Não é algo que deva causar ansiedade.

Não quero enlouquecer.

Mas só para eu saber.


Para me ajudar a entender que o tempo não é uma posse, mas um depósito de confiança.


E os fundos fiduciários podem ser negligenciados com a mesma facilidade que os campos, as amizades ou os casamentos.


Moisés aprendeu da maneira mais difícil. Ele viu pessoas presumirem que o amanhã sempre chegaria. Ele viu os anos se dissolverem em pó no deserto. E quando finalmente pediu sabedoria a Deus, pediu-a na linguagem do tempo.



A vida interior é sempre a primeira a se sentir negligenciada.



Isto é algo que notei em mim:

Eu não desabo de repente.


Estou me desfazendo.


Um pouquinho aqui.

Um pouco por ali.

Uma ligeira perda de concentração.

Um pequeno descuido na oração.

Uma breve digressão das Escrituras.

Um excesso de evasão.

Pouca atenção.


Pequenas coisas, quase invisíveis por si só.

Mas se vocês os unirem, terão tecido uma corda forte o suficiente para se distanciarem de Deus sem jamais terem a intenção de abandoná-Lo.


A videira da alma raramente murcha em um único dia.

Desmorona por causa de pequenos atrasos, pequenas distrações, pequenos "depois".


E quando você se dá conta de que os espinhos estão crescendo, eles já estão profundamente emaranhados.



Mas existe outra maneira de viver.



A boa notícia — e há boas notícias — é que o tempo pode ser recuperado.

Não viver mais rápido.

Não estou tentando fazer mais do que o necessário em um único dia.

Não se tornando uma espécie de máquina de produtividade espiritual.


Aproveitar bem o tempo significa simplesmente escolher um propósito em vez de apenas deixar a vida levar, mesmo nas pequenas coisas.


É escolher a presença em vez da fuga.

Escolha a frase em vez de percorrer o navegador.

Escolha o silêncio em vez do ruído.

Escolha momentos que alimentem sua alma em vez de embalá-la para dormir.


E começa em pequena escala.

Sempre pequeno.


Uma oração sincera sussurrada antes de sair da cama.

Um versículo lido lentamente em vez de uma dúzia lida rapidamente.

Um passeio tranquilo.

Um momento de gratidão.

Uma tarde passada conversando com alguém que você ama, em vez de se perder em uma tela brilhante.


Pequenas coisas não parecem poderosas até que você perceba que elas reconstroem o que estava silenciosamente se desfazendo.


É através das pequenas coisas que Deus cura a alma.



Aceite suas horas



Aprendi que a culpa não redime nada.

A vergonha não redime nada.

Esforçar-se mais não compensa.


O que redime o tempo é, simplesmente, retornar a Deus nos pequenos momentos.

Deixe que Ele guie o dia.

Deixá-lo falar em lugares tranquilos.

Deixe que Ele lhe ensine a ver suas horas não como fardos a serem administrados, mas como dádivas a serem recebidas.


Porque o tempo, com todos os seus deslizes, encurtamentos e surpresas, continua sendo um dos dons mais generosos de Deus.


Não porque a controlamos, mas porque temos a sorte de viver dentro dela.



Um suspiro silencioso



Se você sente que desperdiçou anos, Deus ainda pode redimir aqueles que virão.


Se você sente que seus hábitos têm enfraquecido sua alma, pode recomeçar da maneira mais simples.


Se você sente que se deixar levar se tornou seu comportamento habitual, uma oração sussurrada pode mudar seu rumo.


Você não precisa de um novo ano, uma nova rotina ou uma nova personalidade.


Você só precisa de um novo momento:

No momento em que você diz: "Senhor, ensina-me a contar os meus dias".


Não os conte.

Valorize-os.


Minha infância me ensinou o quão importante um dia pode ser.

A vida adulta me ensinou como tudo pode desaparecer rapidamente.

Mas a fé me ensinou algo ainda mais profundo:


O tempo se torna sagrado quando paramos de tentar controlá-lo e simplesmente o entregamos a Deus.


Suas horas de trabalho não precisam ser impressionantes.

Eles não precisam ser perfeitos ou produtivos.

Basta entregá-los.


Ele pega até os fragmentos quebrados — os dias de distração, as noites cansativas, os momentos de arrependimento — e trabalha com eles. Sempre fez isso. Sempre fará.


Deus não perde tempo.

E Ele não te rejeitará.


Então respire fundo por um instante.
Encare o dia que se inicia com compaixão.
E dê um passo silencioso em direção a Ele.

Não precisa ser grande.

Não precisa ser barulhento.

Tem que ser real.


E isso basta.


 
 
 

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