QUANDO A GRATIDÃO ENCONTRA SEU VERDADEIRO LAR
- Matt Miller
- há 3 horas
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Um certo silêncio se instala no centro-norte do Missouri quando as colheitadeiras param de trabalhar para a temporada. Não é nada dramático. Não é algo que você notaria se não estivesse acostumado ao ritmo da vida no campo. Mas depois de meses de barulho, suor e longos dias, o mundo finalmente respira. A poeira assenta, os silos estão cheios — ou às vezes não — e as famílias começam a pensar em se reunir.
As pessoas dirigiram quilômetros naquele dia. Quilômetro após quilômetro de estradas de terra, faróis refletindo nas superfícies irregulares, comida embrulhada em toalhas para se manter aquecida.
Não havia nada de glamoroso nisso. Apenas botas do lado de fora, o ar frio entrando com cada chegada e uma casa que parecia pequena demais para a quantidade de pessoas que respiravam lá dentro.

Não tínhamos ícones nas paredes. Nenhum santo padroeiro para honrar. Nenhuma vela acesa em memória de alguém que já havia partido. Não venerávamos anjos nem imaginávamos figuras sagradas pairando perto do teto. Essas ideias não faziam parte do nosso mundo. As escrituras nos moldaram silenciosamente, de forma simples. E assim, havia um sentimento — uma certeza firme e tácita — de que a presença invisível naquela casa não era um santo, um anjo ou um símbolo.
Era Deus. Somente Ele. E isso bastava.
Ninguém anunciou. Ninguém deu destaque. Mas quando nos sentamos ao redor daquela velha mesa de madeira e alguém começou a expressar sua gratidão, um calor preencheu o ambiente, um calor que nada tinha a ver com o fogão. A gratidão se espalhou pela conversa como uma faísca rápida em meio ao trigo seco: brilhante, veloz e vibrante. Não era uma reação emocional exagerada. Era reconhecimento. Sabíamos quem merecia os agradecimentos.
Anos depois, na Sérvia, senti algo familiar, mas de uma forma diferente. Famílias reunidas. Comida preparada com carinho. Histórias contadas repetidamente. Havia o mesmo desejo de honrar, de lembrar, de reconhecer. Essa ânsia é universal. Seres humanos em todo o mundo anseiam por algo além de si mesmos, especialmente quando a vida foi difícil e a história mais pesada do que qualquer geração individual pode suportar.
Mas quanto mais tempo eu passava ali, mais percebia algo que não podia ignorar. Em muitos lares, a gratidão não é elevada, mas sim desviada. Para um santo da família. Para um ícone. Para um mediador que nunca assumiu o papel que as pessoas lhe atribuem. Para alguém que outrora viveu uma vida de fé, mas que, segundo as próprias Escrituras, não é quem ouve as orações, recebe a gratidão ou protege as almas.
Essa diferença importa. Mais do que as pessoas imaginam.
Na Bíblia, sempre que alguém tentava honrar uma criatura, o céu o corrigia imediatamente. João prostrou-se diante de um anjo, e o anjo o impediu. Cornélio curvou-se diante de Pedro, e Pedro o levantou do chão. Em Listra, quando as pessoas tentaram adorar Paulo e Barnabé, os apóstolos rasgaram suas vestes em sinal de luto. O livro do Apocalipse descreve anjos que se recusaram categoricamente a adorá-los.
A mensagem é consistente do Gênesis ao Apocalipse:
Os seres criados, por mais fiéis que sejam, jamais devem receber gratidão, reverência ou honra espiritual. Somente Deus merece isso.
Isso não é severo. É protetor. Deus sabe como o coração humano passa rapidamente de se lembrar Dele para exaltar o que podemos ver, possuir ou herdar. As tradições de Slava, como encontros culturais, podem evocar belas lembranças. Mas quando se tornam momentos de gratidão espiritual para com um santo, cruzam uma linha bíblica. E as Escrituras não atenuam essa linha. Elas a traçam com clareza.
Enquanto isso, de volta ao Missouri, ninguém precisava nos explicar nada. Não poderíamos citar uma dúzia de versículos para provar. Éramos agricultores. Não éramos teólogos. Mas quando nos reuníamos, nossa gratidão se concentrava no trono de Deus, não porque fôssemos sábios, mas porque o Espírito nos ensinara algo simples: Aquele que nos sustentou em meio a tempestades, secas, dívidas e longas temporadas não vivia em uma pintura ou em uma história. Ele vivia.
Essa verdade não muda com a geografia.
Belgrado não está isenta.
Leskovac não está isento.
Não havia nada de especial numa fazenda no Missouri.
Deus é simplesmente Deus.
E quando a gratidão flui para outra pessoa, mesmo com boas intenções, mesmo por tradição, algo muda na alma. O foco se torna turvo. A apreciação se desvia. A honra se esvai. E o coração começa a olhar para os lados em vez de para cima.
Mas quando a gratidão retorna Àquele que te criou, te vê, te sustenta, te perdoa e caminha contigo, a clareza retorna. A paz retorna. A adoração retorna. A alma se endireita. O ambiente parece diferente. O espírito dentro de você respira com mais facilidade. Algo se alinha.
Esta é a verdade que vim contar, não como um pregador com um sermão, mas como um homem que viu os dois mundos e viveu o suficiente para conhecer a diferença:
Os santos podem te inspirar, mas não podem te proteger.
Eles podem te encorajar, mas não podem mediar em seu nome.
Podemos nos lembrar deles, mas não podemos agradecê-los pela vida.
A gratidão pertence somente a Deus.
E quando você entrega tudo a Ele, todo o resto se encaixa.
Então, neste Dia de Ação de Graças, esteja você no Missouri, na Sérvia ou em qualquer outro lugar, crie sua própria tradição. Não uma ligada a ícones ou costumes herdados que confundem afeto com adoração, mas uma em que tudo o mais desapareça por um instante e Deus se torne o único ser que você vê. Deixe o mundo se aquietar. Deixe o peso da tradição se aliviar. Deixe os santos desaparecerem da sua mente.
E olhe para isso diretamente.
Não para alguém que não consegue te ouvir.
Não para alguém que se recusa a adorar.
Não é uma história que conforta, mas que não pode salvar.
Recorra ao Deus que esteve com você em todas as tempestades, em todas as perdas, em todos os anos que não saíram como você esperava.
Reserve um momento, agora mesmo, para agradecer.
Você não precisa de um ano perfeito para isso.
Você não precisa de uma mesa perfeita, uma família perfeita ou um sentimento perfeito.
Você só precisa de um momento de honestidade.
Porque onde quer que você esteja hoje, cheio ou vazio, forte ou cansado, rodeado ou sozinho,
—Você ainda pode encontrar algo pelo qual agradecer a Deus . E quando encontrar, a gratidão crescerá em seu coração como naquelas cozinhas do Missouri, como acontece nos lares sérvios, como acontece em todos os lugares onde as pessoas olham para Aquele que verdadeiramente as ouve.
Faça disso uma tradição.
Faça Dele o seu foco.
E deixe que sua gratidão se eleve ao único lugar a que pertence.



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